Em que posso ajudar?

WhatsApp
Notícias -

Economia brasileira tem em 2020 o 3º ano de ‘agora vai’

Apoio ao Comércio

Pelo terceiro ano consecutivo, governo e economistas do setor privado começam janeiro otimistas e com a expectativa de que a economia brasileira crescerá acima de 2%, deixando para trás a quase estagnação verificada desde que o país saiu da recessão do período 2014-2016.


 


O chamado “agora vai” acabou frustrado nos últimos dois anos por questões como a demora na aprovação de reformas na área fiscal, incertezas em relação ao governo Jair Bolsonaro, a crise argentina e a desaceleração da economia mundial.


 


Esses fatores são os mesmos que ameaçam, em 2020, a recuperação mais forte da atividade econômica que tem sido verificada desde o início do segundo semestre de 2019, anabolizada em parte pela liberação de recursos do FGTS que deram mais gás ao consumo.


 


A avaliação, entretanto, é que os riscos agora são menores, e os incentivos para a recuperação econômica, maiores.


No final de 2017, as projeções dos analistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus apontavam crescimento de 2,7% para 2018. O resultado ficou em 1,3%, devido à greve dos caminhoneiros e a incertezas com o período eleitoral.


 


Em dezembro de 2018, às vésperas da posse de Bolsonaro, analistas renovaram a aposta, projetando crescimento de 2,55%. O país, no entanto, não conseguiu sair da média de 1% até o terceiro trimestre de 2019, e a expectativa é que feche o ano com expansão de 1,2%.


 


Após dois anos de frustrações, a mesma pesquisa aponta expectativa de crescimento de 2,30% para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2020.


 


O próprio BC passou longe dos resultados verificados, tendo projetado expansão de 2,6% para 2018 e 2,4% para 2019. Agora, prevê crescimento de 2,2% em 2020.


 


Grandes bancos, consultorias e instituições como o Ibre/FGV e o FMI (Fundo Monetário Internacional) têm projeções semelhantes para o ano.


 


A avaliação é que 2020 começa com um importante estímulo em relação aos anos anteriores: a redução da taxa Selic a patamares historicamente baixos (4,5% ao ano). Soma-se a isso a aceleração do consumo vista nos últimos seis meses, que dá fôlego ao comércio e pode levar à reposição de estoques na indústria.


 


As estimativas são de que somente o efeito estatístico do impulso do segundo semestre de 2019 garanta pelo menos um ponto percentual de crescimento, ou seja, um empate técnico com o ano anterior, segundo a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV.


 


“Para crescer abaixo de 1%, teria de ter uma reversão muito grande do que a gente está vivendo, um cenário internacional mudando drasticamente. Você está terminando o ano em uma situação relativamente melhor do que em 2018, e o efeito Argentina não vai ser da mesma magnitude”, afirma Matos.


 


Ao fazerem suas projeções, os economistas elaboram diferentes hipóteses, cada uma com um nível de probabilidade. O Ibre, por exemplo, projeta expansão de 2,2% em 2020, mas traça cenários alternativos, de menor probabilidade, de expansão de 3% (otimista) ou 1,5% (pessimista).


 


Para Matos, a recuperação é impulsionada pelo consumo, que deverá voltar aos níveis pré-recessão neste ano, mas também é composta por outros fatores ligados à atividade do setor privado, uma vez que o setor público tem atuado de forma contracionista.


 


“O consumo está acelerado, o investimento está acelerando. Temos alguma recuperação da indústria de transformação. O PIB está mais com cara de 2%, mas a demanda interna privada já está com cara de 3% [de crescimento].”


 “Há razões para acreditar que 2020 vai ser diferente, e que vamos ter um crescimento de pelo menos 2%. Estamos trabalhando com 2,5%. O risco fiscal é menor do que no passado, o governo tem conseguido avançar na agenda de reformas e houve uma mudança importante de política econômica que permitiu trazer a taxa de juros para as mínimas históricas”, afirma Luciano Rostagno.


 


Segundo o economista, a alta recente da inflação é pontual e não deve levar o BC a mexer nos juros ao longo do ano.


Para ele, o principal risco para o ano não está no Brasil, mas no cenário externo.


 


“As tensões comerciais entre EUA e China podem limitar o crescimento econômico. Mas houve avanço importante nas conversas no final do ano [passado] e isso traz uma perspectiva melhor para 2020. Internamente, a gente tem um governo estabelecido com uma agenda clara e surtindo efeito na economia.”


 


A relação entre o governo americano e a China, em ano eleitoral nos EUA, também é citada pela consultoria LCA como principal questão que pode influenciar negativamente o desempenho da economia brasileira, se isso resultar em desaceleração mais brusca do crescimento mundial e piora das condições financeiras internacionais.


 


A LCA trabalha com crescimento de 2,3% para 2020 e estima 70% de chances de que esse cenário se confirme. Coloca, no entanto, 25% de chances de que se caminhe para um cenário adverso, com disparada do dólar e alta de juros que reduzam a expansão para 0,4%. Os outros 5% são atribuídos à hipótese de crescimento de 3,4%.


 


Ao divulgar suas projeções no final de 2019, o Bradesco projetou crescimento de 2,5% para 2020 e também afirmou que o maior risco para a consolidação do crescimento mais forte vem do cenário externo, relacionado a questões como Argentina, guerra comercial EUA-China e crescimento mundial. Em segundo lugar, estaria o risco de o período pós-liberação do FGTS não mostrar uma economia tão dinâmica quanto estimado. Para o banco, 1,7% é o piso para a expansão da economia em um cenário mais adverso.


 


O Itaú Unibanco estima avanço de 2,2% em 2020. Ao divulgar suas projeções, em dezembro, a instituição afirmou que os EUA têm interesse em chegar a um acordo com a China e que as expectativas de uma economia mundial em contração se dissiparam. Além disso, o banco avalia que os juros baixos terão efeitos sobre consumo e investimentos neste ano.


 


O BC revisou no final de dezembro sua projeção para o PIB citando uma retomada mais forte a partir do terceiro trimestre como fator que contribuiu para a elevação das estimativas. Entre os destaques estão os resultados da indústria e dos investimentos, que devem mostrar performance superior à esperada.


 


Fonte: Folha de São Paulo