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COPOM mantém a taxa básica de juros em 11,0% a.a.

Apoio ao Comércio

O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central optou mais uma vez pela manutenção da taxa SELIC em 11,0% a.a. O relatório FOCUS, boletim semanal do próprio BACEN que contém as expectativas do mercado, projeta que o atual patamar possa permanecer até o fim de 2014.


 


A inflação oficial medida pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) do IBGE ultrapassou a meta de inflação estipulada pelo Governo Federal em junho, chagando a 6,52% no acumulado de doze meses. O centro da meta é de 4,5%, podendo variar dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Apesar do resultado, observa-se ao longo dos últimos meses uma tendência de crescimento mais moderado da inflação no que tange à variação mensal. Em março deste ano, por exemplo, o IPCA apresentou crescimento de 0,92%, a maior taxa para o mês desde 2003, quando o indicador atingiu 1,23%. O aumento dos preços dos alimentos exerceu um impacto significativo no índice, representando 51% da variação daquele mês. Todavia, nos meses subsequentes o crescimento se tornou mais moderado, com variações de 0,67%, 0,46% e 0,40% em abril, maio e junho, respectivamente. Houve um arrefecimento na variação dos preços de alimentos, que em junho chegou a apresentar queda de -0,11%, o menor percentual desde julho de 2013. Tendo em vista que as últimas elevações na taxa de juros tinham como principal objetivo conter o aumento dos preços, não há razão para um novo aumento neste momento em que o crescimento da inflação tem apresentado taxas menores.


 


Além disso, novas elevações na taxa básica de juros poderiam penalizar ainda mais o comércio e a indústria, que têm seu desempenho de certa forma atrelado à variação da taxa.  O aumento da SELIC reflete nas demais taxas de juros da economia, elevando o custo de se obter crédito. Para o comércio, isso representa um desestímulo ao consumo tornando mais elevado o custo de compras parceladas; já para a indústria há uma maior dificuldade em financiar o investimento em máquinas e equipamentos (a chamada Formação Bruta de Capital Fixo), prejudicando o aumento da produção. 


 


O ciclo de elevações na taxa SELIC iniciado em 2013 tem mostrado efeitos negativos em ambos os setores. O comércio apresenta um menor crescimento em relação ao ano anterior; em abril deste ano, o varejo ampliado (no qual estão incluídas as vendas do setor de veículos e de materiais de construção) apresentou variação de 0,60%, acumulando crescimento de 1,60% nos quatro primeiros meses do ano, segundo o IBGE. Já em abril de 2013 a variação havia sido de 1,9%, com crescimento de 5,1% no acumulado do ano. Ou seja, as vendas no comércio varejista apresentam um ritmo mais moderado em relação ao ano passado. Para a indústria a situação é pior: em maio, a produção industrial caiu -0,6% em relação a abril, e já acumula queda de -1,6% nos cinco primeiros meses do ano. Por si só, a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) apresentou queda de -5,8% ano acumulado em 2014. Já o emprego industrial recuou -0,7% em maio.


 


Portanto, conclui-se que o menor crescimento da inflação nos últimos meses e o impacto negativo das elevações anteriores da taxa SELIC sobre o comércio e o setor industrial foram os principais fatores a impedir um novo aumento da taxa de juros na última reunião. No entanto, ressalta-se que a inflação continua em patamares maiores em relação ao ano passado (IPCA jun.14: 0,40% / jun.13: 0,26%, segundo IBGE), inclusive ultrapassando o limite da meta do governo em junho, descartando uma redução da taxa de juros nas próximas reuniões, visto que este tem sido o principal instrumento de controle dos preços, a partir do desestímulo à demanda. Dessa forma, a decisão de manter a taxa básica de juros da economia no atual patamar de 11,0% a.a. já era esperada.