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Aumento da taxa de juros à pessoa física supera variação da SELIC

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Apesar da interrupção no ciclo de aumento da taxa básica de juros (SELIC) nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), a taxa média de juros cobrada pelos bancos continua apresentando aumento. Em junho, a taxa média cobrada aos consumidores chegou a 43% ao ano segundo o BC, constituindo a sexta alta seguida e a maior desde março de 2011, o início da série histórica.


Enquanto a taxa SELIC apresentou crescimento de 3,75 pontos percentuais entre abril de 2013 e maio deste ano (período do ciclo de aumento da taxa) ao passar de 7,25% para 11,0% ao ano, os juros cobrados pelas instituições bancárias às pessoas físicas apresentaram alta de 8,1% pontos percentuais no período, chegando a 42,5% ao ano em maio. As taxas para cheque especial e cartão de crédito sofrearam variações ainda maiores. A taxa para o cheque especial atingiu 171,5% ao ano no mês de junho, um aumento de 34,7 pontos percentuais em relação a abril de 2013 segundo o BC. Já os juros para o cartão de crédito não são divulgados pela instituição, mas a Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) estima que a taxa média nessa modalidade tenha atingido 238,67% ao ano no mês de junho.


Já a taxa de captação (o custo dos bancos para obter recursos no mercado) apresentou variação de 3,0 pontos percentuais no período compreendido entre abril de 2013 e maio deste ano, sendo, portanto, menor que a variação de 3,75 pontos percentuais da taxa SELIC para o mesmo período. No mês de junho a taxa de captação ainda sofreu redução 0,3 ponto percentual, ao passar de 12% em maio para 11,7% no mês seguinte. Dessa forma, a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes, o chamado spread bancário, também alcançou o maior valor da série histórica do BC em junho, chegando a 31,3 pontos percentuais em junho. Em abril de 2013, quando se iniciou o ciclo de aumento da SELIC, o spread era de 25,4 pontos percentuais.


A atual conjuntura econômica gera uma postura austera das instituições bancárias, visto que, com o aumento da inflação e a incerteza sobre a continuidade do bom momento do mercado de trabalho, a possibilidade de inadimplência se eleva. Assim, medidas restritivas quanto à concessão de crédito são tomadas, como a elevação dos juros.


Embora o Governo Federal tenha anunciado um pacote de medidas para os bancos com o objetivo de liberar mais recursos para empréstimos, o aumento das taxas de juros para as pessoas físicas impedirá um crescimento significativo do consumo. As medidas de incentivo criadas em 2012, como desoneração fiscal para veículos, móveis e eletrodomésticos e a própria redução da taxa SELIC à época criaram um cenário de grande expansão de financiamentos, comprometendo a renda familiar. As dívidas dos consumidores com instituições financeiras até junho somam o patamar recorde de R$ 1,324 trilhão, segundo BC.


O aumento dos preços e dos juros configura um cenário propício ao surgimento de dificuldades financeiras para aqueles que não se planejam, gerando um risco de inadimplência. Por esta razão, é importante que os consumidores realizem o controle de seus gastos, atentando-se às taxas de juros ao adquirir empréstimos e financiamentos.