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Apenas 31% dos brasileiros são consumidores conscientes, revela pesquisa

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Apesar de a maioria dos brasileiros reconhecer a importância de atitudes sustentáveis de consumo, poucos vêm adotando práticas mais responsáveis no dia a dia. Foi o que constatou uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) realizada em todas as capitais do país. De acordo com o levantamento, a maioria dos brasileiros (55%) se encaixa no grupo de ‘consumidores em transição’, ou seja, com hábitos de consumo consciente ainda aquém do desejado. Os pouco ou nada conscientes somam 14% de entrevistados, ao passo que apenas 31% podem ser considerados ‘consumidores conscientes’.


Os dados fazem parte do Indicador de Consumo Consciente (ICC), que em 2018 atingiu 73%, mantendo-se estável em relação ao ano passado (72%). O ICC pode variar de 0% a 100%: quanto mais próximo de 100% for o índice, maior é o nível de consumo consciente. Para chegar-se ao resultado são aplicadas perguntas relativas aos hábitos, atitudes e comportamentos da rotina dos brasileiros, considerando os aspectos financeiros, ambientais e sociais.


O estudo indica que embora as pessoas enxerguem o consumo consciente como fator que pode fazer diferença na qualidade de vida, essa preocupação nem sempre se traduz em ações concretas. Prova desse contrassenso é que se por um lado os entrevistados demonstram não praticar com muita frequência atitudes sustentáveis, por outro quase a totalidade (98%) considera importante ou muito importante ter uma vida com hábitos de consumo mais consciente — seja pela economia de recursos de água e energia, reduzindo as compras ou pelo reaproveitamento das coisas.


“Muita gente entende a importância de transformar boas intenções em bons hábitos, mas só toma alguma atitude quando a conta fica cara. E não basta ter um esforço de conscientização apenas em situações críticas. Essa prática deve ser contínua, além de estar claro que a escassez de recursos é uma realidade bem próxima”, ressalta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.


Para economizar, nove em cada dez consumidores fazem algum tipo de serviço em casa que poderia ser contratado fora


Sair comprando de forma inconsequente tem diversas implicações negativas. A mais percebida pelo consumidor é aquela que impacta sua vida de forma imediata. Por essa razão, o aspecto financeiro é o que mais influencia as práticas de consumo consciente entre as pessoas — ou seja, quando pesa no bolso. O levantamento aponta que dentre as várias práticas que já fazem parte da rotina dos brasileiros, destacam-se: sempre pesquisar preço, que resulta na compra dos itens mais baratos (92%), avaliar previamente o orçamento para saber se é possível levar ou não um determinado produto (91%) e optar por não adquirir algo novo quando o bem ainda pode ser usado ou até mesmo consertado (90%).


Além disso, 88% dos entrevistados disseram ter o costume de fazer na própria casa alguns serviços que poderiam ser contratados fora para economizar, como manicure, pet shop, cinema e lanches. Outros 87% garantem que sempre planejam as compras do dia a dia, como supermercados, feiras e pequenas aquisições.


A pesquisa também indica que há um esforço por parte dos consumidores em controlar o orçamento e economizar ao máximo. Enquanto 78% sempre pedem descontos em suas compras, 77% não recorrem ao cheque especial ou ao limite do cartão de crédito para conseguir fechar as contas do mês. Para 75%, uma forma de economizar é consumir somente frutas e verduras da época, por serem mais baratas. Outros 72% evitam fazer compras parceladas para não comprometer o seu rendimento mensal.


“A crise, ainda que à força, vem ensinando os brasileiros muitas lições valiosas sobre economizar e pesquisar antes de sair comprando. Não se trata de simplesmente frear o consumo, mas sim de entender que é preciso comprar com inteligência. Em vez de procurar sempre um produto novo, é possível buscar a reutilização, a troca, o aluguel, o conserto ou meios que não envolvam, exclusivamente, a decisão de jogar fora e comprar outro”, avalia o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.


Mais da metade dos entrevistados acredita que o consumo consciente só será importante daqui a alguns anos



Uma boa notícia refere-se à adoção de hábitos sustentáveis do ponto de vista ambiental, que já estão incorporados à rotina dos brasileiros, segundo revela a pesquisa. Ao considerar o consumo racional de água, a atitude mais adotada pelos entrevistados (92%) é fechar a torneira enquanto se escova os dentes. Em seguida, aparecem os que afirmam controlar todo mês o valor da conta de água (86%), ensaboar a louça com a torneira da pia fechada (85%), não considerar um exagero a crença de que um dia a água irá acabar (85%) e não lavar a casa ou a calçada com mangueira (83%).


Quanto ao uso racional de energia elétrica, que tem grande impacto social e ambiental, há também uma conscientização crescente dos brasileiros. Apagar as luzes de ambientes que não estão sendo utilizados é a principal prática (95%) mencionada. O segundo hábito mais comum de economia está ligado ao controle do valor da conta de luz (90%) e o terceiro é passar roupas apenas quando existe um volume grande de peças (82%). Há ainda 76% de consumidores que têm a preocupação em verificar a quantidade de energia que determinado eletrodoméstico gasta antes de comprá-lo e 73% que dão preferência à utilização de lâmpadas de LED na residência.


Entre as ações de preservação do meio ambiente, as mais comuns citadas na pesquisa são doar ou trocar um produto antes de jogá-lo fora (86%) e evitar imprimir papéis para reduzir gastos e prejuízos ao planeta (79%). Em contrapartida, há um sinal de alerta: mais da metade só acha importante praticar o consumo consciente daqui a alguns anos, quando problemas mais graves atingirem o meio ambiente (55%).