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Perfil do Inadimplente BH

Sugestão de Pauta

A falta de planejamento financeiro tem complicado o orçamento das famílias de menor poder aquisitivo da capital mineira. Uma análise do Perfil do Inadimplente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) apontou que os consumidores da classe E (que recebem até dois salários mínimos) estão com 67,4% da renda comprometida com dívidas. A economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, explica que a maioria dos consumidores desta classe não tem o costume de realizar controle sobre seus gastos e, por isso, acabam se endividando. “Muitos compram por impulso e fazem parcelamentos longos no cartão de crédito, sem se atentarem aos impactos futuros das parcelas em seus orçamentos”, analisa. Ana Paula ressalta, ainda, que “o aumento do custo de vida e da taxa de desemprego provocados pelo cenário econômico adverso também contribuem para esse alto índice”.

Dentro da mesma base de comparação, as classes C e D têm 31% de suas rendas comprometidas com dívidas e as classes A e B apenas 8%.

Relação rendimento médio e valor dívida por classe social
(Gráfico 1)

Ainda segundo o estudo, os consumidores acima de 45 anos são os que possuem os maiores valores de dívidas, somando todas as contas em atraso. “Geralmente, esse público é responsável financeiro pelas famílias e, por isso, tendem a sentir mais o impacto da instabilidade econômica”, afirma a economista da CDL/BH.  O valor médio da dívida na faixa etária de 45 a 54 anos é de R$ 1.900. Entre 55 a 64 anos, R$ 1.812,50, e dos 65 aos 74 anos alcançam R$ 2.156,25. 

Valor médio da dívida – Faixa etária
(Gráfico 2)

Na análise por gênero, as dívidas do público masculino, somando todas as contas em atraso, têm valor médio de R$ 1.593,60 e as do público feminino R$ 1.272,06. “Os homens geralmente estão atrelados às compras de maior valor agregado, o que pode acarretar possíveis dívidas em longo prazo, caso não sejam cumpridos os pagamentos”, explica Ana Paula.

Estado civil x valor médio da dívida – Casais que possuem união estável apresentam o maior registro médio de dívidas (R$ 1.750). Separado, divorciado ou desquitado aparecem logo depois com R$ 1.572,73 de média. Casados, amigado ou juntado correspondem a R$ 1.468,90 em dívidas. Solteiros têm R$ 1.297,30 e viúvos R$ 1.250. O público que não informou o estado civil tem valor médio de R$ 1.625.

Autônomos e freelancers são as ocupações que registram os maiores valores de dívidas, totalizando média de R$ 1.808,33. Assalariados registrados têm R$ 1.360,56. Desempregados somam R$ 1.241,67 de média, e aposentados e pensionistas R$ 1.156,25. Outros correspondem a R$ 1.715,91. 

Quantidade de contas em atraso – Na análise por faixa de renda familiar, as classes A e B representam 50% dos consumidores que têm mais de duas contas em atraso. Em seguida estão às classes C e D (48,5%) e a classe E (46,5%). “Nesse caso, as pessoas com poder aquisitivo mais alto têm maior número de contas em atraso devido ao fato de consumirem mais. Além disso, muitos têm financiamentos com valores altos”, analisa Ana Paula. 

Quantidade de contas em atraso
(Gráfico 3)

Na análise por gênero, 52,7% das mulheres possuem mais de duas contas em atraso ante 43,2% dos homens. “Uma pesquisa de uso do crédito realizada no 2º semestre de 2016 indicou que a maior parte das mulheres não possui nenhum controle financeiro e compram por impulso, o que pode contribuir para o maior número de dívidas desse público”, salienta a economista da CDL/BH.

A análise por faixa etária aponta que 16,7% dos idosos com mais de 65 anos possuem mais de dez contas em atraso. A economista da CDL/BH explica que, assim como observado em outros recortes da pesquisa, “o aumento do custo de vida afeta principalmente essa faixa etária porque são pessoas aposentadas, que têm suas despesas elevadas, além de serem os responsáveis financeiros pelas famílias”.

Entre todos os entrevistados, 51,5% têm somente uma conta em atraso. De duas a três contas somam 32,3%. De 4 a 6 contas atrasadas são 11,1%. Entre 7 e 10 são 4% e mais de dez contas em atraso, 1%.

Quantidade de contas em atraso – Geral
(Gráfico 4)

Quitação das dívidas – De acordo com a pesquisa, é um sentimento comum entre os diferentes perfis analisados, a intenção de quitar as dívidas. A maioria dos consumidores inadimplentes (83,8%) pretende saldá-las.  Entre os que não pretendem quitar os débitos, os motivos principais são não ter condição financeira no momento (42,9%) e a discordância em relação aos valores das dívidas (21,4%). Juros abusivos, esperar a dívida prescrever e outras prioridades financeiras somam 7,1% cada. Outros 14,3% não responderam.

A maior parte dos entrevistados afirma que pretende saldar as dívidas utilizando recursos próprios (42,4%), seguido pela negociação (26,3%). Outros 14,1% não pretendem quitar. Não responderam somam 4%. Os que pretendem utilizar o décimo terceiro salário ou pegar empréstimo com terceiros são 3% cada. Todas as demais opções somam 1%, são elas: bolsa família, restituição do imposto de renda, férias, não sabe, seguro desemprego, FGTS e pensão. 

Com que recursos pretende quitar as dívidas – Geral
(Gráfico 5)

Classe E – Entre os consumidores da classe E que pretendem quitar as contas em atraso, a maioria utilizará recursos próprios (44,6%) ou negociação (25%). Um percentual de 8,9% não pretende saldar as dívidas, outros 7,1% não responderam e 5,4% pretendem pegar empréstimos com terceiros. Os demais recursos citados pelos consumidores somam 1,8% cada: décimo terceiro salário, férias, não sabe, bolsa família e FGTS. Ana Paula Bastos explica que como esses consumidores não têm crédito para buscar empréstimos por já estarem inadimplentes, “só lhes resta apertar o orçamento e tentar quitar com os próprios recursos, negociar ou mesmo pedir emprestado a familiares e amigos”. 

Recursos para quitar a dívida – Classe E
(Gráfico 6)

Onde economizar – A maioria dos entrevistados (28,2%) afirma que não vai economizar para saldar as dívidas em atraso. Outros 18,8% pretendem economizar com o lazer para quitar as contas atrasadas. Os demais meios citados pelos consumidores para economizar são: cartão de crédito (17,6%), cuidados pessoais (11,8%), telefonia celular e fixo (3,5%), contas em geral (2,4%), vestuário e calçados, energia elétrica, saindo do aluguel e supermercado correspondem a 1,2% cada. Os que não responderam somam 12,9%. 

Onde pretende economizar para saldar contas em atraso

(Gráfico 7)

Classe E – No recorte por faixa de renda familiar, a maioria dos consumidores da classe E pretende economizar com o lazer (23,5%), seguido pelo cartão de crédito (19,6%). Outros 17,6% disseram que não vão economizar. 9,8% pretendem diminuir os gastos com cuidados pessoais, telefonia celular e fixa (5,9%) e contas em geral (3,9%). Supermercado, energia elétrica e os que estão saindo do aluguel correspondem a 2%. Demais 13,7% não responderam.

A análise demonstra ainda que um alto percentual das classes C/D (50%) responderam que não irão economizar. “Nesse caso, significa que os consumidores já estão com a renda totalmente comprometida com outros pagamentos e não têm saldo disponível para quitar as contas em atraso”, ressalta Ana Paula. 

Onde pretende economizar – Faixa de renda familiar
(Gráfico 8)

Metodologia – A pesquisa da CDL/BH ouviu cem consumidores de Belo Horizonte e Região Metropolitana, em março de 2017. Tem nível de significância de 95%.