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Pandemia transforma comportamento de compra e compromissos financeiros dos belo-horizontinos

Sugestão de Pauta

Pesquisa realizada pela CDL/BH revela que 32% dos moradores da capital são responsáveis por todas as contas da casa. Além disso, a maioria guarda parte do salário e, seis a cada dez pessoas, não receberam educação financeira

A pandemia do coronavírus transformou a realidade de todo o mundo em diversos aspectos. Em Belo Horizonte não é diferente. A crise sanitária, que também impacta diretamente a economia e o mercado de trabalho, tem feito com que os belo-horizontinos paguem as suas contas com antecedência, evitem a inadimplência e também aproveitem a renda disponível da melhor forma possível.

Para entender como a população da capital vem se comportando referente ao pagamento de contas, reserva financeira e consumo, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) realizou uma pesquisa que mostra como os belo-horizontinos estão enfrentando a pandemia, do ponto de vista econômico. Foram entrevistados 250 consumidores entre os dias 7 e 16 de junho de 2021.

Quem paga a conta

O levantamento mostrou que em um núcleo familiar, 32% dos entrevistados afirmam ser os responsáveis por todas as contas da casa. Em relação a apenas a alguns compromissos financeiros, este número sobe para 52,4%. Os que assumem apenas as contas pessoais equivalem a 14%.

Quando questionados sobre o planejamento para quitar as contas, 43,9% informam que pagam com antecedência, 38,6% na data de vencimento e 9,8% priorizam as contas básicas primeiro e depois pagam o restante. “Os consumidores estão procurando quitar suas contas antes da data do vencimento. Dessa forma evitam a inadimplência e aproveitam a renda disponível”, explicou o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.

Preocupados com situação de emergência, seis em cada dez consumidores fazem reserva financeira

A pesquisa mostrou que 68,8% dos moradores da capital mineira guardam parte do dinheiro que recebem como salário. Em contrapartida, 31,2% não reservam nada. Dentre os que poupam, a grande maioria (60,5%) opta pela tradicional poupança bancária; 18% preferem a conta corrente; 13,4% o CDB e 10,5% deixam o dinheiro em casa. As outras opções citadas foram: ações (5,8% dos entrevistados); títulos de capitalização (3,5%); fundo de ações (2,9%) e previdência privada (2,9%).

Para 64,7% dos entrevistados, o principal motivo para guardar dinheiro são situações de emergência. Em seguida, com 14,5%, aparecem motivadores como financiamento de bens duráveis como casa própria e/ou automóvel. Viagens e lazer ocupam a terceira posição, com 7,6%. Em seguida aparecem: aplicação em poupança ou outros investimentos (6,4%); aposentadoria (2,3%) e escola ou faculdade (1,7%).

Necessidade é o maior motivador para as compras que são pagas à vista no cartão de débito

Desde o último ano, os consumidores têm se programado melhor. Para 44%, a necessidade é o motivador para realizar compras. 28,4% afirmam que se planejam com antecedência. Já promoção ou liquidação são o incentivo para 16,4%; se gostaram do produto aparece como resposta de 10,8% dos consumidores, seguido de 0,4% que compram se têm crédito aprovado. 

Para quitar essas compras, 69,6% dos entrevistados escolhem o pagamento à vista no cartão de débito. Em seguida, aparecem: pagamento à vista no cartão de crédito (38,8%); dinheiro (33,2%); parcelado no cartão de crédito (31,6%); PIX (8,0%) e à vista no boleto bancário (2,4%).

Nos últimos doze meses, 75,2% dos consumidores afirmam ter realizado compras a prazo. Neste recorte, o cartão de crédito foi a principal forma de pagamento (94,9%).

Em uma abertura por gênero, as mulheres (83%) tendem a efetuar mais compras a prazo que os homens (72,2%) e, um dos principais motivos, é o fato de o sexo masculino possuir melhores condições de trabalho, menor taxa de desemprego e maior rendimento real.

“Com o cenário adverso que ainda estamos vivendo, as pessoas vêm mudando seus hábitos de consumo e priorizando as compras de bens de primeira necessidade”, analisa Souza e Silva. “Com temor do desemprego, grande parte dessas compras está sendo paga à vista, evitando assim o endividamento de longo prazo”, acrescenta. 

Mais atentos aos gastos

Apesar do pouco acesso à educação financeira, sete em cada dez consumidores da capital (77,2%) afirmam avaliar a própria situação econômica antes de realizar compras. No recorte por gênero, homens e mulheres (oito em cada dez) estão empatados quanto ao acompanhamento de gastos e análise da situação financeira antes de comprar.  Mas, a fatia dos que nunca analisam é relativamente significante: 9,6%.

Quando questionados sobre como fazem esse controle, a maioria (42%) afirma usar a boa e velha caderneta. Em seguida, com 34,3% aparecem planilhas eletrônicas, seguidas de extrato bancário (21,5%); aplicativos financeiros (12,7%); fatura do cartão de crédito (11%); controle “de cabeça” (6,6%). E 0,6% dos entrevistados afirmaram que não fazem controle.

A pesquisa mostrou que seis a cada dez belo-horizontinos (60,8%) admitem ter passado por algum tipo de situação em que o orçamento não foi suficiente para quitar as contas e, com isso, ficaram com o ‘nome sujo’.

Belo-horizontinos não tiveram acesso à educação financeira

Seis a cada dez belo-horizontinos (64,8%) não tiveram acesso à educação financeira ao longo da vida, conforme revela a pesquisa. Em uma avaliação por gênero, o levantamento revela que os homens tiveram mais acesso que as mulheres, representando 40,9% e 30,4%, respectivamente. 

Consumidor tem em média dois cartões de crédito

A maioria dos consumidores de Belo Horizonte possui cartão de crédito: 85,2%. Mas, como está a relação com essa ferramenta?

De acordo com a pesquisa, os belo-horizontinos possuem, em média, dois cartões. A maioria dos entrevistados, 84,1%, afirma não ter débito com as operadoras. Dentre os que estão em dívida (15,9%), assumem que devem uma parcela (12,9%), duas (16,1%) ou três (6,5%).

Respeitando o limite do cartão de crédito

O levantamento mostrou que os usuários de cartão de crédito em Belo Horizonte costumam ter consciência ao utilizá-lo: 89,6% disseram que raramente ou nunca ultrapassam o limite de crédito. As mulheres tendem a ser mais controladas neste aspecto: 75,25% delas afirmam que nunca ultrapassam o limite. Já, entre os homens, o índice é de 67,7%.

Quando questionados sobre o controle de gastos, 40,4% afirmam que não deixam o valor da fatura ficar elevado; 36,6% dizem parar de comprar por um tempo quando está com alto volume na fatura; 9,9% deixam o cartão em casa quando saem e 3,3% economizam no mês seguinte à fatura alta.

Metade dos cartões de crédito utilizados pelos belo-horizontinos não possui anuidade (50,2%). Dentre os que possuem a taxa, 39,4% afirmam saber o valor cobrado e 10,3% não sabem.

Em relação ao uso do cheque especial, 44,1% afirmam não possuir; 43,3% têm, mas não utilizam, e somente 1,2% sempre fazem uso. 

Homens investem mais em seguros

Por fim, o levantamento revelou que os homens são os que mais investem em financiamento de automóvel (15,7%), previdência privada (21,7%), seguro de automóvel (45,2%) e seguro residencial (20,9%). O segmento em que as mulheres aparecem com maior destaque é o crédito consignado, 14,1%.

Banco digital

56,8% dos entrevistados afirmaram que utilizam algum banco digital. Dentre os principais motivos para adesão a essa nova modalidade de serviço bancário destaca-se a facilidade (27,6%), a agilidade (27,2%), a ausência de tarifas de manutenção (25,2%) e a falta de burocracia (8,4%).

As mulheres são as maiores usuárias dos bancos digitais, representando 51,1% dos entrevistados. A pesquisa revelou que os consumidores que afirmam possuir educação financeira são os que mais utilizam as contas digitais (54,3%). Acredita-se que este fato está ligado ao maior conhecimento sobre finanças e taxas praticadas pelas instituições financeiras convencionais.