Inadimplência do consumidor de BH é a maior dos últimos três anos

A falta de planejamento financeiro é um dos principais fatores que têm dificultado o pagamento das dívidas por boa parte dos consumidores da capital. Dados do Serviço de Proteção (SPC) ao Crédito da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) mostram que o número de pessoas inadimplentes cresceu 5,67% em julho, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta é a maior dos últimos três anos frente a essa mesma de base de comparação. Nos anos anteriores, a inadimplência registrou os seguintes índices: 2,27% (2015); 3,74% (2014) e 4,19% (2013).
(Gráfico 1)
 

Segundo a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, o planejamento financeiro é essencial para o consumidor manter suas contas equilibradas. “Mas o que temos percebido é que muitas famílias não têm planejado suas despesas. Com isso, a inadimplência na capital bateu recorde em julho”, explica. “Como a renda das famílias está sendo pressionada pela inflação, quem não planeja suas despesas acaba tendo mais dificuldades em honrar seus compromissos”, completa.

Na comparação com o mês imediatamente anterior (Jul.16/Jun.16), o número de pessoas inadimplentes na capital registrou alta de 0,64%. “As despesas básicas de uma casa estão ficando cada vez mais caras por causa da pressão inflacionária. Outro fator que acaba dificultando o pagamento das contas é o aumento dos juros, pois a dívida se torna mais cara”, afirma. “Com isso, a renda do consumidor acaba sendo insuficiente para manter todas as despesas da família”, explica Ana Paula.
(Gráfico 2)
 

Perfil – O maior crescimento da inadimplência (31,5%) em julho, frente ao mesmo mês de 2015, foi registrado pelos consumidores com idade superior aos 65 anos. A economista da CDL/BH explica que a alta da inadimplência desse público já vem sendo observada desde o início do ano. “A combinação de aumento dos gastos com planos de saúde e remédios. e a redução na renda devido à aposentadoria tem levado boa parte desses belo-horizontinos à inadimplência”, explica. 
(Gráfico 3)

Na análise da inadimplência por gênero, a disputa ficou bem equilibrada entre homens e mulheres. O número de pessoas inadimplentes do sexo feminino cresceu 5,42% em julho frente ao mesmo mês do ano anterior. Já entre o sexo masculino esse aumento foi de 5,4%. 
(Gráfico 4)
 

Dívidas em atraso – Os dados de julho do SPC da CDL/BH registraram alta de 6,86% no número de dívidas em atraso na capital, na comparação com o mesmo período de 2015. O crescimento também é maior dos últimos três anos nessa mesma base de comparação. Já na comparação com o mês imediatamente anterior (Jul.16/Jun.16), o número de dívidas em atraso apresentou aumento de 0,62%. 
(Gráfico 5)
 

Para a economista da CDL/BH esses resultados demostram o efeito corrosivo da inflação, das elevadas taxas de juros e da piora dos indicadores de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Este cenário tem corroído a renda das famílias. Com isso, o consumidor entre em uma situação em que a renda não consegue suprir todas as despesas da casa”, finaliza.

Metodologia – Os indicadores de inadimplência apresentados nesse material contêm todas as informações disponíveis nas bases de dados a que o SPC Brasil e a CDL/BH têm acesso. O indicador de pessoas físicas inadimplentes mostra a variação mês a mês no número de pessoas registradas na base do SPC Brasil. Cada pessoa física inadimplente é contada apenas uma vez, independente do número de dívidas que tenha em atraso. Já o número de dívidas em atraso mostra a quantidade média de dívidas em atraso de cada pessoa física.