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Inadimplência bate recorde na capital

Sugestão de Pauta

Com a diminuição da renda devido ao aumento do desemprego e à pressão inflacionária, boa parte dos consumidores da capital está com dificuldade em manter as contas em dia. Isto é que mostram os dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) que registraram alta de 4,26% na inadimplência do mês de maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse crescimento é o maior dos últimos quatro anos, nessa mesma base de comparação. Em 2015, a alta no número de pessoas inadimplentes foi de 2,97%, enquanto nos anos de 2014 e 2013 esses índices foram de 3,99% e 3,16%, respectivamente.
(Gráfico 1)
 

A economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, explica que o aumento da inadimplência é reflexo da atual conjuntura econômica. “A renda das famílias está cada vez menor e a prioridade acaba sendo o pagamento das despesas essenciais da casa como alimentação, energia elétrica e água”, afirma. “Assim o consumidor entra numa situação onde seu orçamento não consegue suprir todas as demandas”, completa.


Perfil – Em maio, as mulheres foram responsáveis pelo maior crescimento da inadimplência na capital (4,45%), na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Entre os homens essa alta foi de 3,38%. Segundo a economista da CDL/BH, as mulheres acabam ficando mais inadimplentes, pois muitas consumidoras têm o hábito de realizar compras parceladas sem planejamento financeiro. “Além disso, o desemprego entre as mulheres está maior do que entre os homens, fator que afeta diretamente na renda e na capacidade de pagamento das contas”, explica.

Por faixa etária, o maior número de inadimplentes registrou-se entre os consumidores acima dos 65 anos (20,56%). Segundo Ana Paula, a inadimplência desses consumidores deve-se ao fato de boa parte deles ainda ser responsável financeiramente por suas famílias. “Com o aumento do custo de vida essas pessoas estão com mais dificuldades em equilibrar o orçamento”, disse. 
(Gráfico 2)
 

Dívidas em atraso – Já o número de dívidas em atraso na capital registrou crescimento de 4,08% em maio na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Para a economista da CDL/BH, esse aumento demostra, sobretudo, a dificuldade dos consumidores em realizar um planejamento financeiro em longo prazo. “Com a inflação em alta, planejar as finanças fica ainda mais difícil. Com o encarecimento no custo de vida a perda na renda é constante”, afirma.


Quando comparado com o mês imediatamente anterior, o índice de dívidas em atraso apesentou queda de 0,42%. “Essa retração é reflexo do término do pagamento das despesas de início de ano como o IPTU, IPVA e matrículas escolares”, explica Ana Paula.


recuperação do crédito Em maio de 2016, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 2,73% no número de consumidores da capital mineira recuperando o crédito. A economista da CDL/BH atribui a queda aos altos níveis da inflação, taxa de juros em patamares elevados e aumento do desemprego. “A população está sentindo os efeitos negativos dessa conjunção de fatores no custo de vida”, disse Ana Paula. “Com menor capacidade de pagamento, muitas pessoas têm focado seus recursos para a subsistência da família, deixando de quitar seus débitos antigos. Dessa forma, o pagamento das contas ficou comprometido, assim como a recuperação das pendências em atraso”, acrescenta. Na comparação com o mês de abril, o índice de recuperação de crédito cresceu 0,86%.


Metodologia – Os indicadores de inadimplência apresentados nesse material contêm todas as informações disponíveis nas bases de dados a que o SPC Brasil e CDL/BH têm acesso. O indicador de pessoas físicas inadimplentes mostra a variação mês a mês no número de pessoas registradas na base do SPC Brasil. Cada pessoa física inadimplente é contada apenas uma vez, independente do número de dívidas que tenha em atraso. Já o número de dívidas em atraso mostra a quantidade média de dívidas em atraso de cada pessoa física.