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Após 11 meses de redução, inadimplência entre os consumidores da capital tem alta de 1,35%

Sugestão de Pauta

O número de consumidores de Belo Horizonte inadimplentes encerrou o primeiro semestre de 2018 em alta. Em junho, a inadimplência aumentou 1,35% na variação anual (Jun.18/Jun.17), quebrando a sequência de 11 quedas consecutivas. O último crescimento havia sido em junho de 2017.  Este resultado é explicado pela instabilidade que a economia brasileira passou no segundo trimestre de 2018. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Bruno Falci, fatores como a greve dos caminhoneiros e a alta do dólar tiveram influência negativa nas finanças dos consumidores. “Estes acontecimentos pressionaram a inflação, o que impacta diretamente no custo de vida das famílias, diminuindo assim a renda disponível para o pagamento de dívidas, favorecendo o crescimento da inadimplência”, explica. “Além disso, o enfraquecimento do ritmo de crescimento econômico contribui para manter a taxa de desemprego ainda elevada, o que estimula o endividamento”, acrescenta.

Na base de comparação mensal (Jun.18/Mai.18), houve um aumento de 0,81% no número de pessoas que estão inadimplentes em Belo Horizonte.  Esse acréscimo pode ser explicado pelo aumento da inflação do período de 0,83 pontos percentuais (IPCA Jun.18 em 1,23% e Mai.18 em 0,4% – IBGE). “Com a elevação do custo de vida, sobram menos recursos para a quitação dos débitos”, esclarece o presidente da CDL/BH. O parcelamento e o atraso do pagamento dos salários dos servidores públicos do Estado também pode ter influenciado o aumento da inadimplência.

O montante de endividados, na faixa etária acima de 65 anos, foi o que mais cresceu (16,05%) em junho. “As pessoas nesta faixa etária são as responsáveis financeiras pelas famílias, e sentiram mais no bolso os reflexos do aumento do custo de vida. Muitos, inclusive, vivem apenas com a renda da aposentadoria”, justifica Falci. Já os mais jovens, com idade entre 18 a 29 anos, são os menos endividados (-31,7%). Entre os gêneros, o endividamento foi maior entre as mulheres, com crescimento de 1,07%. Já entre os homens a alta foi de apenas 0,03%. A inadimplência entre o público feminino tem apresentado crescimento maior devido ao fato do desemprego entre elas ser mais elevado (Mulheres 16,1% no 1º tri.18 / Homens 11,9% no 1º tri.18 – IBGE), e por terem um rendimento médio menor em relação aos homens (Mulheres R$ 2.444 / Homens R$ 3.607 –           1º tri.18 – IBGE).

Número de dívidas caiu 3,54% em junho

De acordo com o Indicador de Dívidas em Atraso, em junho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior (Jun.18/Jun.17), houve redução de 3,54% no número de débitos vencidos. Apesar da inadimplência ter apresentado crescimento nesta mesma base de comparação, o número de dívidas registradas apresentou queda devido à entrada de capital extra via PIS/PASEP que possibilitou que as pessoas quitassem alguns débitos. Na comparação mensal (Jun.18/Mai.18), houve crescimento de 0,8%.

A maioria das dívidas (13,78%) está entre as pessoas com mais de 65 anos. Nessa faixa de idade encontram-se os aposentados que sofreram redução de renda e ao mesmo tempo tiveram suas despesas elevadas, o que favorece o aumento das dívidas. De acordo com dados do IBGE, a renda real média no 1º tri.18 de pessoas com mais de 60 anos em Belo Horizonte, foi de R$ 3.174. Já no mesmo período de 2017 era de R$ 3.392, o que representa uma queda de 6,4%. Já na abertura por gênero do devedor, o número de dívidas apresentou queda em ambos os gêneros (feminino em      – 4,24%/masculino em – 4,28%).

Inadimplência e número de dívidas das empresas da capital seguem em alta em junho

O volume de empresas inadimplentes cresceu 8,76% em junho na comparação com o mesmo período do ano passado (Jun.18/Jun.17). Já na variação mensal (Jun.18/Mai.18), houve crescimento de 0,99%. “A economia do País vem registrando sinais de melhora desde o ano passado, mas em ritmo ainda lento. O mercado de trabalho continua desaquecido, a perda de renda real dos últimos anos ainda não foi totalmente recuperada e a inadimplência dos consumidores ainda é alta. Estes fatores impactam diretamente na propensão ao consumo das famílias e nas receitas das empresas”, explica o presidente da CDL/BH.

Ao analisarmos os segmentos, todos apresentaram crescimento da inadimplência em junho. O setor que detém a maior quantidade de devedores registrados foi o de serviços com 10,83%. Esta alta pode ser justificada pela queda nas atividades do setor de 2,6% nos últimos 12 meses em Minas Gerais (IBGE), diminuindo assim suas receitas e, por conseguinte, impactando na sua capacidade de pagamento. Os demais segmentos comportaram-se da seguinte forma: agricultura (+9,09%); outros (+7,09%); comércio (+6,72%) e indústria (+6,71%).

O número de dívidas das empresas da capital, na comparação mensal (Jun.18/Mai.18), apresentou crescimento de 0,69%. Já na variação anual (Jun.18/Jun.17), a quantidade de contas em atraso das empresas aumentou 5,79%. O número médio de dívidas de pessoas jurídicas em junho de 2018 foi de 1,98 por empresa. No mesmo período do ano anterior, era de 2,04 por CNPJ.

Metodologia – Os indicadores de inadimplência apresentados nesse material contêm todas as informações disponíveis nas bases de dados a que o SPC Brasil e a CDL/BH têm acesso.