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Não culpem o comércio!

Sugestão de Pauta

Se existe alguém que se sacrificou para salvar vidas em Belo Horizonte, este alguém é o nosso comércio. Não tem comerciante fazendo churrasco nem caminhando em pista de cooper sem máscaras. Não tem comerciante permitindo aglomeração em seus estabelecimentos. Com raríssimas exceções, todos estão cumprindo os protocolos.

A maioria dos estabelecimentos ficaram 80 dias trancados e hoje está fazendo o possível e o impossível para manter o seu negócio e garantir os empregos para os trabalhadores. Outra boa parte continua fechada. Galerias, o setor de vestuário, shopping centers, bares e restaurantes estão há cem dias impedidos de abrir suas portas. Em nenhum lugar do mundo aconteceu isso. Muitos já não vão voltar. Centenas de empresas já fecharam suas portas definitivamente e milhares de empregos já foram perdidos.

Nesta semana, teve muita gente vinculando o aumento do número de casos à abertura do comércio. Essa hipótese não procede. Há dois meses os especialistas do Brasil inteiro avisaram que, independentemente da reabertura do comércio, em junho haveria o aumento no número de casos.

No final de março, portanto, há quase três meses, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) solicitou à prefeitura a abertura de diálogo com o setor produtivo da cidade para discutir a reabertura segura e gradual do comércio. Em 20 de abril, o prefeito anunciou a formação do comitê, que começou a trabalhar efetivamente no dia 5 de maio. Entre o anúncio da formação do comitê e o início efetivo do trabalho, foram dias preciosos perdidos diante de uma situação tão grave.

Há três semanas este comitê não se reúne. Todas as decisões tomadas nas últimas três semanas foram de única e exclusiva responsabilidade do prefeito. As entidades participantes – CDL/BH, Sindilojas, Fiemg e Abrasel – não foram consultadas. Pelo contrário, foram solenemente ignoradas.

Entendemos que esta discussão não pode se restringir simplesmente à abertura ou não do comércio.  A CDL/BH já fez várias sugestões e nenhuma delas foi encaminhada. Enumeramos algumas aqui.

O Prefeito pode chamar a instituição financeira que movimenta a folha de pagamento dos servidores da prefeitura – que gira em torno de quase R$ 3,5 bilhões por ano –  e negociar linhas de crédito especiais que realmente possam socorrer as empresas que estão sofrendo prejuízos quase que irreparáveis com este fechamento.

O Prefeito pode colocar o corpo técnico de funcionários da prefeitura, que é altamente qualificado, para estudar e propor soluções para a recuperação econômica dos setores produtivos mais afetados pela pandemia. Até mesmo para dar início à discussão sobre a ressurreição do comércio de Belo Horizonte quando superarmos esta crise.

O Prefeito pode orientar a prefeitura que faça, em regime experimental, projetos piloto para viabilizar a reabertura de segmentos que estão há cem dias de portas fechadas, tais como galerias, shoppings, lojas de vestuário, bares e restaurantes.

O Prefeito pode orientar a Secretaria de Saúde a promover rapidamente a abertura de novos leitos, como foi afirmado no dia 29 de maio que isso seria possível. Naquela oportunidade, a prefeitura disse que já estaria pactuado com hospitais para passar de 867 leitos para 2.481 leitos destinados exclusivamente para o tratamento dos casos de Covid-19.

Informamos ainda que, mesmo com profundas discordâncias em relação à atuação da prefeitura no enfrentamento desta crise, a CDL/BH vai continuar o trabalho que vem desenvolvendo desde o início de março, procurando salvar vidas, socorrer as empresas e preservar os empregos.